O que os indicadores econômicos mostram, os brasileiros sentem no bolso.
O aumento dos salários não acompanha a alta do custo de vida, com um visível derretimento do poder de compra da população.
Esta série de reportagens especiais "Efeito no Bolso", feita pela equipe da Mais Conteúdo do jornal O TEMPO, mostra como a inflação tem afetado a rotina dos brasileiros.
1. Muito além de um índice econômico e social: inflação afeta bolso e vida dos brasileiros
2. Só 10% recebem o salário ideal para uma vida sem aperto
3. Falta comida na mesa de 19 milhões de brasileiros
4. Alta de preços força mudança de hábitos dos brasileiros
7. Voltar a morar com pais é alternativa para fugir do aluguel alto
8. Alta de 46% na gasolina força mudança de rotina em várias famílias
9. Profissão de motorista fica quase inviável com a alta dos combustíveis
10. Sem dinheiro para plano de saúde, famílias vão para a fila do SUS
11. Desemprego e alto custo de vida tiram estudantes da sala de aula
Muito além de um índice econômico e social, ela influencia diretamente o orçamento das famílias brasileiras.
Para Layane Gonçalves (ao lado), mesmo acumulando funções e buscando novas fontes de renda, ela vê seu dinheiro valer cada vez menos.
Apesar do reajuste do salário mínimo, de R$ 1.100 em 2021 para para R$ 1.212 neste ano, o trabalhador de Belo Horizonte ainda está longe do valor ideal mínimo para bancar todas as suas despesas.
Só as contas de energia e gás consomem metade da renda mensal de boa parte da população.
A incerteza sobre ter ou não o que comer é, hoje, a realidade de Eliane e de outras 19 milhões de pessoas no Brasil, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan).
“Além das dificuldades para conseguir comida, eu ainda perdi muita coisa depois que entrou água na minha casa”, diz Eliane.
“Temos arroz, feijão, fubá e farinha. Não tem leite, vou ter que correr atrás. Tem dia que meu filho fica sem mesmo”
Rafaela Miranda Passos, mãe, 27 anos.
Quadro de insegurança alimentar se agravou em várias classes sociais. Mudança na hora das compras passou a ser regra de sobrevivência.
“Eu não posso deixar faltar de jeito nenhum, mas não está sendo com tanta fartura quanto costumava ser”, diz Luciana, mãe do Ethan Gabriel, um adolescente de 14 com deficiência.
O derretimento do poder de compra do brasileiro tem surtido um efeito que ocupa praças, calçadas e baixios de viadutos nas médias e grandes cidades.
A última estimativa, feita pela Prefeitura há dois anos, não consegue acompanhar o fenômeno que se intensificou na pandemia.
Aos 64 anos ele perdeu uma realidade confortável e precisou morar em um abrigo público para pessoas em situações de rua
“Eu sentava sozinho num lugar e chorava”, relembra. Ao procurar ajuda, foi apresentado ao trabalho de acolhimento feito pela equipe da Pastoral de Rua, que lhe viabilizou moradia.
Com orçamento apertado, jovens e adultos de classe média e baixa precisam abrir mão de sua independência.
Depois de tentar, sem sucesso, negociar o valor do aluguel, Camila, 39 anos e profissional de relações públicas, decidiu abrir mão do seu apartamento.
Alta de 46% na gasolina força mudança de rotinas
Na inflação acumulada do último ano, os combustíveis foram um dos grandes responsáveis pelo aumento médio dos preços.
Impacto dói até no bolso de quem não usa carros. Aumento do diesel é embutido no preço dos fretes e aparece em produtos da feira ou na gôndola dos supermercados.
Ganhos com aplicativos de corrida diminuem e profissão fica quase inviável para os motoristas de aplicativos.
O Sindicato dos Condutores de Veículos que Utilizam Aplicativos de Minas Gerais (Sicovapp-MG) estima que cerca de 40% dos motoristas haviam desistido de prestar esse serviço até meados de 2021.
Ao todo, 105,9 mil usuários de planos individuais ou familiares cancelaram seus serviços entre setembro de 2020 e o mesmo mês de 2021.
Júlia e a família já passaram por dificuldades para conseguir atendimento e recorreram à automedicação
Em 2021, 3,42 milhões de estudantes não conseguiram dar sequência aos estudos no ensino superior privado.
Thiago Virgílio chegou a trancar curso por um semestre, até que foi para uma universidade mais barata.
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24 de janeiro de 2022